universidade lusófona

Dez coisas que aprendi de um artista sobre ciência

16 de Março de 2016 18 horas Auditório do Museu Colecção Berardo

Conferencista: Alex Gomez-Marin

Título: Dez coisas que aprendi de um artista sobre ciência

Bio Alex Gomez-Marin é um físico teórico de formação que trabalha no campo da neurociência comportamental.

No “Centre for Genomic Regulation (CRG)” de Barcelona desenvolveu ferramentas quantitativas para estudar a decisão de navegação em moscas. Depois de uma breve estadia na Índia, mudou-se para o “Champalimaud Centre for the Unknown” em Lisboa, onde estudou a locomoção espontânea em vermes e a auto-aprendizagem em ratos. Recentemente mudou-se para Espanha onde lidera o laboratório “The Behavior of Organisms Laboratory”, Investigando princípios de comportamento animal sob a lente da evolução. Ele acredita que qualquer físico que trabalhe na biologia é um biólogo por direito, além disso suspeita que seres vivos e pensantes não são apenas sistemas físicos de alta complexidade. Nas suas investigações filosóficas sobre o papel da razão no futuro da ciência, ele dá muito valor ao método cientifico embora veja a necessidade de fazer evoluir os seus instrumentos. Nesta linha, tem vindo a colaborar com artistas a fim de explorar o processo criativo na ciência e arte.

Resumo da Conferência

Como neurocientista tive a oportunidade de trabalhar, ao longo de mais de um ano, com uma bailarina.

Em vez de me deixar levar pelo hábito de tentar explicar e especular sobre as correlações neuronais do dançar, mergulhei com ela na experiência do dançar.

Vi o trabalho da artista e também a artista a trabalhar.

Eu trabalhei com ela e como ela.

Dentro dessa interacção, era óbvio e paradoxal que a prática da disciplina de objectividade científica facilmente entorpece a capacidade de estar presente e apreender o facto puro.

Fluente e razoável como sou a agir num nível fixo de abstracção onde tudo o que é verdadeiramente real só pode ser uma colecção de exemplos, fui confrontado com a minha própria subjectividade e obrigado a evitar a falácia da concretude deslocada.

Reflectindo sobre essa experiência, eu exauri dez teses para o meu exercício científico sobre “método artístico”.

A pertinência da minha mensagem é uma chamada de atenção para resolver iliteracia artística em ciência.

Com isto quero dizer, essencialmente, que é necessário um convite constante para a experiência imediata da temporalidade.

Isto permite que a experiência desinteressada possa desempenhar um papel em ciência.

Aí, a utilidade do que é inútil pode ter lugar.

Desde o meu ponto de vista, o cientista do futuro terá de se tornar, também, um artista.

Especulando ainda mais, o hiato que alguns de nós estão a tentar unir entre ciência e filosofia só pode ser superado com e pelo artista.