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O que fazer se as cores escorrerem umas sobre as outras?
Maria Filomena Molder - Quarta-feira, 25 de Novembro, 18 horas no Auditório Museu Colecção Berardo
Resumo
Hegel parece-me sempre querer dizer que as coisas que se mostram diferentes são, na realidade, semelhantes.
Ao passo que o meu interesse está em mostrar que coisas que parecem semelhantes são realmente diferentes.
- Nesta observação feita a Drury e coligida por Norman Malcom desenha-se o quadro daquilo que opõe Wittgenstein a Hegel e que talvez possa ser traduzido assim: “se o conceito e a realidade não se cindem, então o homem morre”, variante, não autorizada por Wittgenstein, de uma célebre e celebrada citação de Hegel: “se conceito e realidade se cindem, então o homem morre”.
- Essencial é a sua convicção de que uma coisa se apoia noutra, mas não é o fundamento de outra.
- E se consciência for menos aquilo que se passa na minha mente ou na história do que aquilo que eu vejo?
- Não é certo que Wittgenstein se tenha preocupado com a história quer a ciência histórica quer isso a que habitualmente se chama história e aparece em frases como “tal acontecimento fez história” ou “passou à história” quer de um ponto de vista filosófico. Ele prefere falar diante do dia que lhe coube em sorte, embora tal não o impeça, bem pelo contrário, de falar de geração e de tradição.
- Da dificuldade de Wittgenstein em aderir à arte do seu tempo quer nas chamadas artes visuais quer na música e na poesia.
- Da crítica severa àquele que é o modelo de compreensão do seu tempo (e do nosso), a ciência.
- Da convicção de Wittgenstein de que não há condições de possibilidade para a existência da crítica de arte.
Eis a sequência de desafios que se espera possam ter consequências para compreender a relação entre pensamento e arte.
Nota biográfica
Maria Filomena Molder é professora catedrática aposentada, FCSH, UNL.
Principais publicações
- O Pensamento Morfológico de Goethe, INCM, 1995.
- Semear na Neve. Estudos sobre Walter Benjamin, Relógio d’Água, 1999 – Prémio Pen-Club 2000 para Ensaio.
- Matérias Sensíveis, Relógio d’Água, 2000.
- A Imperfeição da Filosofia, Relógio d’Água, 2003.
- O Absoluto que pertence à Terra, Vendaval, 2005.
- Símbolo, Analogia e Afinidade, Vendaval, 2009.
- O Químico e o Alquimista. Benjamin, Leitor de Baudelaire, Relógio d’Água, 2011 – Prémio Pen-Club 2012 para Ensaio.
- As Nuvens e o Vaso Sagrado, Relógio d’Água, 2014.