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VI Ciclo de Conferências Internacionais ECATI/MCB

O que é o contemporâneo?

10 de Fevereiro de 2016, 18 horas no Auditório do Museu Colecção Berardo

Conferencista

José A. Bragança de Miranda

Título

O que é o contemporâneo?

Bio

José A. Bragança de Miranda é doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa (1990), com agregação em «Teoria da Cultura» (2000) na mesma Universidade. Actualmente é Professor Associado do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Nova de Lisboa, colaborando desde 1992 como Professor Catedrático convidado na Universidade Lusófona. Tem leccionado nas áreas da Teoria da Cultura e das Artes Contemporâneas, da Teoria dos Media e da Cibercultura. É investigador do «Centro de Estudos de Comunicação e Linguagens» (CECL).

Abstract

Numa época em que a aceleração da vida, a electrificação do tempo e a sensação de um certo encalhamento da história se afiguram como realidades incontornáveis, torna-se necessário pensar a questão do “contemporâneo” e o seu cortejo: o presente, o actual, o instante ou o “agora”.

Se desde sempre existiu um desprezo pelo presente, de origem teológica e apocalíptica, em função de um futuro radioso ou de uma passado heróico, é forçoso constatar-se que “o agora” continua a ser fonte de perturbação, mesmo em autores como Lévinas, Agamben ou Badiou por recearam uma sacralização do existente e dos poderes que o ordenam.

Boa parte das análises do contemporâneo enredam-se em dialécticas subtis, já presentes em Marx e em todo o utopismo, para voltar o presente contra si próprio, para se evadir dele, para “abrir” outras possibilidades.

Ora, o contemporâneo não é uma “categoria” e muito menos uma categoria de tempo, mas é da ordem do eclodir, do aparecer e do enviar.

Isso não se deve a uma mudança da interpretação ou de filosofia, mas à própria tessitura da “substância do mundo”.

Contra o velho desprezo por tudo o que existe, sempre um menosprezamento da vida, reconhecer a total dignidade do contemporâneo é, assim, a primeira condição para responder às urgências e à crise da época e obviar ao escapismo.